6 de março de 2012

A Região do Grande ABC e a Sustentabilidade




  “Atender às necessidades atuais sem comprometer a capacidade das gerações futuras de também satisfazerem suas próprias necessidades”. Esta é a definição mais conhecida do termo “Desenvolvimento Sustentável”. Ela materializa as ações e investimentos que todos nós precisamos fazer para alcançarmos a sustentabilidade em nosso mundo, em nossas cidades e, principalmente, em nossas vidas.

Mas como saber se estamos no caminho certo ou não?

Essa é uma pergunta muito difícil, pois falamos de um equilíbrio extremamente sensível e simultâneo de muitas coisas, cujos indicadores são consequentemente muito complexos.

Um dos indicadores mais conhecidos é o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Trata-se de uma medida comparativa usada para classificar os países pelo seu grau de "desenvolvimento humano". Dessa forma, é possível identificar os países desenvolvidos (muito alto desenvolvimento humano), os países em desenvolvimento (desenvolvimento humano médio e alto) e os países subdesenvolvidos (desenvolvimento humano baixo).

Este índice tem como base os dados econômicos e sociais e a escala para se medir este índice é de 0 (nenhum desenvolvimento humano) à 1 (desenvolvimento humano total). Ele é utilizado como referência da qualidade de vida e desenvolvimento, e pode servir para apuração do desenvolvimento de cidades, estados e regiões.

O índice foi desenvolvido em 1990 pelos economistas Amartya Sem e Mahbub ul Haq, e vem sendo usado desde 1993 pelo PNUD - Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento no seu relatório anual.

A estatística é composta a partir de dados de expectativa de vida ao nascer, educação e PIB PPC (Paridade do Poder de Compra) per capita (como um indicador do padrão de vida) recolhidos a nível nacional. Cada ano, os países membros da ONU são classificados de acordo com essas medidas.

A metodologia utilizada para se definir o IDH passou por mudanças a partir de um relatório divulgado pelo PNUD em Novembro de 2010. Uma das mudanças focou as fontes de alguns dados que eram utilizados para se definir o IDH, e outro fator que sofreu mudança foi o número de países e territórios analisados. No ano de 2010 foram analisados 169 países e no ano de 2011 foram analisados 187.

Devido a essas mudanças, as colocações dos países analisados também sofreram transformações, no ano de 2010 o Brasil ocupava a 73º posição e no ano de 2011 desceu para 84º posição. Embora o Brasil tenha perdido algumas posições e esteja atrás de outros países da América do Sul como o Chile, Argentina, Peru e Uruguai, sendo este último um dos países que vem mais crescendo no ranking, todos fazem parte da lista que inclui países com IDH alto.

Segundo o Relatório de 2011, o país com o maior IDH é a Noruega com a marca de 0,943, e o país com o pior IDH dentre os avaliados é a República Democrática do Congo, com o índice de 0,286.

Os dados utilizados no relatório mostram que o rendimento anual dos brasileiros é de US$ 10,162, e que a expectativa de vida é de 73,5 anos, a escolaridade é de 7,2 anos de estudo e a expectativa de vida escolar é de 13,8 anos.

O IDH também é utilizado por organizações locais ou empresas para medir o desenvolvimento de entidades subnacionais como estados, cidades, aldeias. No ano de 2000 foram analisados 5.565 municípios do Brasil para formar o IDH – M (Índice de Desenvolvimento Humano Municipal), e este indicador procura definir o nível de desenvolvimento dos municípios incorporando aspectos geográficos, econômicos e sociais.

Os dados utilizados no IDH – M ou IDM são provenientes das Secretarias de Estado ou de diversas instituições como o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Banco Central do Brasil (BACEN), Tribunal de Contas dos Municípios (TCM) e outros.

A cidade de São Caetano do Sul é a campeã com um IDH de 0,919, um valor de primeiro mundo. Santo André ocupa a 90ª posição com um IDH igual a 0,835. São Bernardo do Campo vem logo em seguida na 95ª posição com um IDH igual a 0,834. As seguintes são: Ribeirão Pires na 422ª posição com IDH igual a 0,807, Diadema na 792ª posição com IDH igual a 0,790, e finalmente Rio Grande da Serra na 1492ª posição com IDH igual a 0,764.

Mas afinal, o que significam essas informações para a sustentabilidade dessa região onde nasci, cresci, e permaneci? A resposta rápida é: tudo.

A região do ABC possui um dos maiores PIBs do Brasil, tendo 5 cidades entre as 100 cidades com o maior PIB do Brasil segundo o IBGE de 2010. (São Bernardo do Campo em 11° posição, Santo André em 29°, São Caetano do Sul em 40°, Diadema em 41° e Mauá em 77°)

Indo para 2,5 milhões de habitantes, a população usufrui de uma infraestrutura típica de uma região que tem a indústria como uma vocação, embora se modernize cada vez mais nos serviços que são oferecidos e, por outro lado, perca parte de suas empresas, que migram para outras regiões.

Além disso, é um dos mercados onde a construção civil cresce de maneira impressionante, e a paisagem urbana já se transforma num nascedouro incontrolado de novos arranha-céus, e num grande desafio para os gestores públicos no que se refere à logística urbana. Sair ou entrar nas cidades nos horários de pico já é um exercício de paciência tanto para os habitantes que trabalham em outras cidades, como para quem somente quer ir de lá para cá.

A proximidade com a metrópole São Paulo, e também com o maior porto do país, posiciona a região como uma potência de mercado.

A região é marcada por diversas sedes de montadoras, como Mercedes–Benz, Ford, Volkswagen, General Motors. Contudo o setor de serviços e também outros segmentos estão crescendo significativamente.

Pela perspectiva ambiental, a Represa Billings banha seis dos sete municípios da região; a exceção é São Caetano do Sul. E mais da metade (53,7%) da área de São Bernardo do Campo é de proteção aos mananciais.

Um indicador negativo indica que o ABC conta com apenas 20,8% de área com remanescentes da Mata Atlântica. Originalmente, o bioma dominava totalmente a região.

Enfim, sob uma perspectiva geral, estamos num pedaço de Brasil onde são diversos os sinais que indicam a presença da sustentabilidade, e em outros, a sua ausência.

Nesse cenário paradoxal, caberá aos nossos líderes públicos, privados e da sociedade civil, a responsabilidade de enfrentar os desafios já existentes, mas que serão ainda maiores, na medida em que o desequilíbrio social, o uso inadequado dos recursos naturais, a baixa ecoeficiência nos ciclos de vida de produtos e serviços, e as metas econômicas e financeiras de curto prazo, ainda fizerem parte de suas estratégias de gestão.

E isso somente será possível, se houver a fundamental incorporação de uma nova competência individual e organizacional, que fortaleça nosso espírito empreendedor, que nos torne mais resilientes, e nos transforme em agentes de mudança em prol de um Grande ABC cada vez melhor e mais sustentável.


Fontes: www.pnud.org.br, Wikipedia, IBGE
Apoio: Erika Kawati

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