24 de abril de 2011

O prazer de correr


Acabo de ler o livro Do que falo quando falo de corrida”, do escritor japonês Haruki Murakami.
Este romancista, que também traduz obras famosas para o idioma japonês, prova na prática o quanto gosta de correr pelas ruas mundo afora.
Sua história que mescla empreendedorismo, vocação para escrever, prazer pelos desafios, uma forte perseverança, e várias outras facetas interessantes, é a evidência de que o ser humano pode ser bastante complexo, mas no final das contas, extremamente simples.
E é assim, que fica a minha percepção sobre este homem que me fez viajar pelo mundo através de suas múltiplas experiências em maratonas, corridas e triathlons. Trata-se de um exemplo de simplicidade.
Não sei se aprendi muito sobre as corridas propriamente ditas, mas sinto que aprendi muito sobre belas formas de viver a vida.
A cada capítulo, vinha aquela vontade inexplicável de calçar meu velho par de tênis e sair correndo por aí, ao som de boas músicas, como ele ainda faz nos seus dez quilômetros diários. Mas, mantive a minha rotina, fui mais devagar, e continuei a agradável leitura.
Quando narrava sua preparação para a maratona de Nova York, e eu a comparava com a minha própria experiência nessa corrida, vi que realmente sou muito menos que um atleta amador. Aliás, acho que sou um corredor turista.
Ou seja, uma pessoa que gosta de viajar, e se veste de atleta para justificar o investimento, como se isso fosse necessário.
Pensando bem, acho que isso não é uma má opção. Pois, se olho para trás, vejo que algumas de minhas melhores experiências pessoais incluem viagens em que o motivo principal era a participação numa maratona, mas que me trouxeram a oportunidade de viver muitas outras experiências ricas e inesquecíveis.
Belas paisagens, o convívio com culturas distintas, e o contato com novas pessoas, se tornaram um real e definitivo valor agregado à minha vida.
Hoje, sinto que já não sou tão jovem quanto penso, e a ficha que cai é uma luz amarela, um alerta para a necessidade de iniciar uma fase de maior cuidado com essa máquina que gosta de correr, mas que ama viver.
Durante muito tempo, após optar pela corrida de rua como a minha atividade esportiva principal, decidi que ela seria não somente o meu lazer, mas também a materialização de minha preparação física, e ainda a melhor alternativa para justificar as minhas melhores viagens.
Num aspecto, errei feio, e não foi por ignorância ou falta de aviso. Não me preparei para ser um corredor. Eu somente corri, imaginando que já me preparava.
E os efeitos dessa estratégia inadequada, dão sinais concretos em minhas articulações machucadas.
Espero que essa tardia conclusão, não me impeça de continuar viajando, ou melhor, correndo.
E meu objetivo nesse depoimento inspirado nas vivências do corredor escritor Haruki Murakami, é estimular os jovens que agora despertam para as corridas de rua, ou ainda os já convertidos e apaixonados pelo prazer de vencer distâncias como eu mesmo sei que sou, para uma reflexão que priorize todos os cuidados prévios possíveis em relação a hábitos saudáveis, uma boa alimentação, um calçado adequado, e todos os cuidados para a melhor preparação física possível.
Depois, é somente libertar os pés pelas ruas, os olhos pelas paisagens, a mente pelos pensamentos, e deixar que o vento nos leve à verdadeira vitória que está em cada simples chegada.

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