“Atender
às necessidades atuais sem comprometer a capacidade das gerações futuras de
também satisfazerem suas próprias necessidades”. Esta é a definição mais
conhecida do termo “Desenvolvimento Sustentável”. Ela materializa as ações e
investimentos que todos nós precisamos fazer para alcançarmos a
sustentabilidade em nosso mundo, em nossas cidades e, principalmente, em nossas
vidas.
Mas como saber se estamos
no caminho certo ou não?
Essa é uma pergunta muito
difícil, pois falamos de um equilíbrio extremamente sensível e simultâneo de
muitas coisas, cujos indicadores são consequentemente muito complexos.
Um dos indicadores mais
conhecidos é o Índice de Desenvolvimento
Humano (IDH). Trata-se de
uma medida comparativa usada para classificar os países pelo seu grau de "desenvolvimento
humano". Dessa forma, é possível identificar os países desenvolvidos (muito alto desenvolvimento
humano), os países em
desenvolvimento (desenvolvimento
humano médio e alto) e os países subdesenvolvidos (desenvolvimento humano baixo).
Este
índice tem como base os dados econômicos e sociais e a escala para se medir
este índice é de 0 (nenhum desenvolvimento humano) à 1 (desenvolvimento humano
total). Ele é utilizado como referência da qualidade de vida e desenvolvimento,
e pode servir para apuração do desenvolvimento de cidades, estados e regiões.
O índice
foi desenvolvido em 1990 pelos economistas Amartya
Sem e Mahbub ul Haq, e vem sendo usado desde 1993 pelo PNUD - Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento no seu relatório anual.
A
estatística é composta a partir de dados de expectativa de vida ao nascer, educação e PIB PPC (Paridade do Poder de Compra) per
capita (como um indicador do padrão de vida) recolhidos a nível nacional. Cada ano,
os países membros da ONU são
classificados de acordo com essas medidas.
A metodologia
utilizada para se definir o IDH passou por mudanças a partir de um relatório
divulgado pelo PNUD em Novembro de 2010. Uma das mudanças focou as fontes de
alguns dados que eram utilizados para se definir o IDH, e outro fator que
sofreu mudança foi o número de países e territórios analisados. No ano de 2010
foram analisados 169 países e no ano de 2011 foram analisados 187.
Devido a
essas mudanças, as colocações dos países analisados também sofreram
transformações, no ano de 2010 o Brasil ocupava a 73º posição e no ano de 2011 desceu para 84º posição. Embora
o Brasil tenha perdido algumas posições e esteja atrás de outros países da
América do Sul como o Chile, Argentina, Peru e Uruguai, sendo este último um
dos países que vem mais crescendo no ranking, todos fazem parte da lista que
inclui países com IDH alto.
Segundo o Relatório de
2011, o país com o maior IDH é a Noruega com a marca de 0,943, e o país com o
pior IDH dentre os avaliados é a República Democrática do Congo, com o índice
de 0,286.
Os dados utilizados no
relatório mostram que o rendimento anual dos brasileiros é de US$ 10,162, e que
a expectativa de vida é de 73,5 anos, a escolaridade é de 7,2 anos de estudo e
a expectativa de vida escolar é de 13,8 anos.
O IDH também é utilizado
por organizações locais ou empresas para medir o desenvolvimento de entidades
subnacionais como estados, cidades, aldeias. No ano de 2000 foram analisados
5.565 municípios do Brasil para formar o IDH – M (Índice de Desenvolvimento
Humano Municipal), e este indicador procura definir o nível de desenvolvimento
dos municípios incorporando aspectos geográficos, econômicos e sociais.
Os dados utilizados no IDH
– M ou IDM são provenientes das Secretarias de Estado ou de diversas
instituições como o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o
Banco Central do Brasil (BACEN), Tribunal de Contas dos Municípios (TCM) e
outros.
A cidade
de São Caetano do Sul é a campeã com um IDH de 0,919, um valor de primeiro
mundo. Santo André ocupa a 90ª posição com um IDH igual a 0,835. São Bernardo
do Campo vem logo em seguida na 95ª posição com um IDH igual a 0,834. As
seguintes são: Ribeirão Pires na 422ª posição com IDH igual a 0,807, Diadema na
792ª posição com IDH igual a 0,790, e finalmente Rio Grande da Serra na 1492ª
posição com IDH igual a 0,764.
Mas
afinal, o que significam essas informações para a sustentabilidade dessa região
onde nasci, cresci, e permaneci? A resposta rápida é: tudo.
A região
do ABC possui um dos maiores PIBs do Brasil, tendo 5 cidades entre as 100 cidades
com o maior PIB do Brasil segundo o IBGE de 2010. (São Bernardo do Campo em 11°
posição, Santo André em 29°, São Caetano do Sul em 40°, Diadema em 41° e Mauá
em 77°)
Indo para
2,5 milhões de habitantes, a população usufrui de uma infraestrutura típica de
uma região que tem a indústria como uma vocação, embora se modernize cada vez
mais nos serviços que são oferecidos e, por outro lado, perca parte de suas
empresas, que migram para outras regiões.
Além
disso, é um dos mercados onde a construção civil cresce de maneira
impressionante, e a paisagem urbana já se transforma num nascedouro
incontrolado de novos arranha-céus, e num grande desafio para os gestores
públicos no que se refere à logística urbana. Sair ou entrar nas cidades nos
horários de pico já é um exercício de paciência tanto para os habitantes que
trabalham em outras cidades, como para quem somente quer ir de lá para cá.
A
proximidade com a metrópole São Paulo, e também com o maior porto do país,
posiciona a região como uma potência de mercado.
A região
é marcada por diversas sedes de montadoras, como Mercedes–Benz, Ford,
Volkswagen, General Motors. Contudo o setor de serviços e também outros
segmentos estão crescendo significativamente.
Pela
perspectiva ambiental, a Represa Billings banha seis dos sete
municípios da região; a exceção é São Caetano do Sul. E mais da metade
(53,7%) da área de São Bernardo do Campo é de proteção aos mananciais.
Um
indicador negativo indica que o ABC conta com apenas 20,8% de área com
remanescentes da Mata Atlântica. Originalmente, o bioma dominava totalmente a
região.
Enfim,
sob uma perspectiva geral, estamos num pedaço de Brasil onde são diversos os
sinais que indicam a presença da sustentabilidade, e em outros, a sua ausência.
Nesse
cenário paradoxal, caberá aos nossos líderes públicos, privados e da sociedade
civil, a responsabilidade de enfrentar os desafios já existentes, mas que serão
ainda maiores, na medida em que o desequilíbrio social, o uso inadequado dos
recursos naturais, a baixa ecoeficiência nos ciclos de vida de produtos e
serviços, e as metas econômicas e financeiras de curto prazo, ainda fizerem
parte de suas estratégias de gestão.
E isso
somente será possível, se houver a fundamental incorporação de uma nova
competência individual e organizacional, que fortaleça nosso espírito
empreendedor, que nos torne mais resilientes, e nos transforme em agentes de
mudança em prol de um Grande ABC cada vez melhor e mais sustentável.